
Dar-te-ei a mão, no derradeiro re-encontro dos dois corpos desalmados de tão perversa inocência, de tornarem aquele momento tão puro, tão delicado, numa demoníaca fome de perversa, onde o pecado jamais é posto à margem, neste mar de irreverência que o teu corpo tanto transcreve, nas linhas e linhas que escondes do mundo.
Vejo a loucura nos teus olhos, a arderem como esferas incandescentes, com o desejo torturante de contra ti me apegares. Vejo as tuas veias a latejarem da espera, a tomada de posse dos teus instintos carnais sobre o olhar perplexo do anjo que te domina do alpendre.
Desceste ao inferno para que pudesses levar este corpo e toma-lo como teu. O corpo subjacente ao teu, foi o alvo de todo o prazer e de todas as loucuras e fantasias. Determinaste um ponto e não o largas-te.
O teu suor era sangue, a gotejar no corpo branco e nu, sobre a cama desfeita num mar de ironias e de gritos incessantes de dor e lacerantes de prazer.
O gemido evocou ecos ao longo do corredor, apunhalou as sombras e os preconceitos. Destruí o caminho entre o certo e o errado. Nada mais importava, senão aqueles dois vultos que se agitam. Ouve-se o tilintar das algemas, ouve-se o som do chicote. Ouve-se então um grito de desespero.
Era eu a acordar deste sonho.
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