Tocas exactamente no local onde era suposto o músculo levemente latejar... mas ao examinares o perímetro dessa perigosa área, apercebeste-te que o músculo havia sido substituído. Perguntaste-me que dor era aquela ao ponto do meu coração morrer no meu peito, e prontamente te desvendei o fardo que carrego há algum tempo... "o amor é fogo que arde sem se ver", acrescentei - "a ferida, a cicatriz, que vês é a marca do que fui".
Desajeitado, voltaste a atirar-me uma pergunta, à qual te respondi "a ferida que transporto, é muito mais profunda do que qualquer outra que possas imaginar, a dor que retenho alojada no meu peito é não mais que a dor da perda... talvez um dia alguém a queira suportar comigo".
(...) surpreendentemente, balançando-se no seu passo desajeitado curvou-se sobre mim, pegou na minha mão como se quisesse dançar ao som do vento comigo, mas melhor que isso... ele arrastou-me para um canto, e não permitiu a minha fuga. Sussurrou ao meu ouvido qualquer coisa que ao inicio não percebi. Um beijou foi traçado nos meus lábios, retratando que o silêncio é dos bens mais preciosos existentes. E ele disse: "quero que partilhes comigo".
Não percebi tais palavras, a minha mente não processou qualquer informação... ainda me sentia atordoada com tanta emoção. Estupidamente lhe respondi - "partilhar contigo, mas o quê?".
Um sorriso leve rapidamente lhe atravessou o rosto e ali permaneceu, e como se a sua voz fosse poesia aconchegou o meu rosto por entre as suas mãos e disse: "a tua dor é a minha, tudo o que é meu é teu".
(...) ainda não terminei. Amo-te.
2 comentários:
Arrebatador.
sempre com grandes textos. amei.
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