equilibrio

Não queiras detalhar o meu sofrimento, nem tão pouco, partir em busca de algum fio solto desta alma - para que uma mais vez, me possas magoar. Magoas-me mais quando tocas no pormenor, do que com palavras ou actos.
Experimentas as minhas reacções, testas as minhas acções, enlouqueces-me sem razão e trazes contigo, sempre, o monstro da melancolia. Atiças-o contra mim, procuras o medo que reside sob a minha pele, e quando finalmente te cansas de ver o meu sofrimento, partes como se nunca antes aqui estivesses estado.
Que é feito da tua dignidade, da tua meiguice e do teu bom senso? Foram coisas que perdeste, que deixaste pelo caminho, que te livraste delas... exactamente como fazes comigo.
Tu sabes o meu jeito, conheces os meus recantos, soletras cada letra do meu pensamento, portanto, sabes exactamente como sou quando do teu nome se trata. Mais ninguém tira o que tiras de mim, nem mais ninguém tem aquilo que te dou, isso faz de ti especial, isso faz de ti o meu pior mal.
Penso, dou voltas ao pensamento e deparo-me com a resiliência. Entendes? Já me perdi na coerência do meu racicionio, pois a capacidade que outrora já tive de suportar a dor que me causas é quase nula, arriscaria a dizer inexistente.
Propus-me à introspecção dos meus sentimentos e das minhas vivências, e apercebi-me que o melhor para mim, é estar longe de ti... mas ao mesmo tempo, não arrisco a perder tudo o que de melhor ganhei. Encontro-me numa inequação, sem resolução possível. Quem me dera, que isto fosse tudo matemático, envolto em constantes e máximos, mas não.
Nós somos uma curva monótona em pleno decréscimo. Somos os opostos da geometria, enquanto que eu sou adjacente à recordação, tu és o posto dessa mesma recordação. Tu subtraís-me tudo o que podes, e eu multiplico as nossas vidas.
Peço-te que pelo menos um dia, encontremos o nosso equilibro, tal e qual uma reacção química, e que talvez a estrela que procuremos se encontre em cada um de nós.
Olha para dentro de ti... pois dentro de mim descobri, que há mais de ti do que qualquer outra coisa.