
Te alcaço como a maré
Tão demais te beijo,
Como dançando, rindo ou sonhando
Nos encalços do mar.
Ó! À beira mar descalça,
Longe dos medos balanço
Entre poços azulantes
Perdida nos teus olhos azuis
Vejo-te queimando a pele.
Te tatuo a alma.
Ó! Como teu sangue opulento me agarra
Me salva do desejo... te encontrar.
Sentada perto de ti
Não te alcaço...
Não antes de te supor,
De te imaginar...
Serás tão intenso como este céu,
Tão extenso como este mar.
Mas como?!?
Como te posso alcançar
Se em sonho vivido
Desejo tecido
É tão breve como o rebentar,
Desta onda tão intensa
Que acaba de chocar em terra viva,
Onde de longe te imagino
Vindo do mar.
Perplexa, caminho sentada
De olhos postrados no limiar
Que é este terno mar
Procurando tua presença
Intensificando o horizonte
Que se estende além de mim.
Vejo o promenor
Não te consigo prever.
Destinada a perder,
O que ainda não é meu.
Escrevo como se tudo
Na minha posse estivesse
Incadeada pela luz solar.
Neste meu papel
Se estende o meu sonhar.
De um lado o mar,
Outro lado o amar
Minha frente só enxerga
O teu amor por chegar.
Peno eu,
Mais uma vez
À beira mar.
Colado ao céu
Invejo-te mar
Que és dono de tudo,
E purificas minha alma.
Halo do tempo,
Porque não me devolves?
Serei eu teu objecto?
Oriunda da melancolia,
Deusa da eterna sabedoria.
Ao fundo o mar,
Ao fundo o meu sonho imperdoável
De te, não alcançar.
Relatos pendentes
Neste sofrido coração,
Envolto no mais doce pecado
E amarga desobediência.
Vejo o que não desejo
Imagino o meu próprio querer.
Não te tenho!
Ó meu Deus
Não te tenho!
Choro, por não saber
Choro por saber demais!
(paradoxos inconstantes descaíem sobre o meu espírito)
Choro de raiva e determinação!
Pinto-te com imaginação
Com sangue diluído
No desgosto eterno
De ser quem sou.
A revolta!
A revolta!
Meu Deus, a revolta que sinto!
E de um lado
Homens a gritar.
De outro lado,
Vejo o eterno sonhar vivido,
De um jovem empenhado
Na sua vocação
No seu objectivo,
No seu doce embalar de comunhão
Da brincadeira ingénua.
E eu aqui,
Refugiada num sonho sem principio,
Invejo-te destino!
Dono de toda a solidão.
Fujo à minha condição,
Sagrada condição
Humana sem propósito ou ambição.
Quebrada a ligação
Te desejo sem método
Te anseio sem razão.
Imploro que te vires
E chores esta eterna aflição.
Compreendes este sufrágio?
O embalar das ondas?
A complexidade deste colossal império?
Nunca te antes de existires
Te calculei em perfeição.
Pois sei que não existe meu amor.
Mentira que levei em mim
Sem antes decidir
Se isto é ser quem sou.
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