the land of confusion

carta ao desassossego

Ser que não sente é como ser que não fala, é ser-se não se sendo, existir sem funcionalidade. Receio ter-me tornado nesta personagem que acabo de descrever, pois estando, sinto-me como se em nenhum sitio me encontrasse.
Um simples fôlego, tornou-se um acto voluntário, expressar-me tornou-se um conceito carregado de obrigatoriedade, sinto-me inexistente em plena existência nada consigo obter, todo o esforço que emprego, necessariamente se torna infortúnio... esta insistência em algo desprovido de coerência, despromovido de certezas torna-se exaustivo e desgastante.
No que toca as palavras, nelas nada leio - encontram-se tão vazias como a minha alma, a não ser, a desmotivação, que essa, essa marca os meus dias por inteiro. Relembro-me, constantemente, que o mundo é o meu palco e nesse, eu prossigo, continuamente, o meu monólogo quer interior quer exterior, e como visa a própria definição de monólogo, as respostas às minhas perguntas são silênciosas, tal e qual aquelas proferidas em voz alta pelo Homem que habita a lua.
Sinto o travo do sargaço na minha boca, que outrora havia sido templo sagrado onde habitava a sabedoria da arte de bem dizer e de bem sentir.
Sozinha e cansada, despeço-me.

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