Há tanto que te quero dizer, há tanto em mim que ainda te pertence, tantas palavras bloqueadas pelo tempo, tantos momentos que ficaram no passado... as recordações mais bonitas (a dois) que tenho, foram passadas contigo.
Eu ainda bem menina, ainda no começo da adolescência, tu mais velho que eu e mesmo assim viste em mim o valor que nunca ninguém viu. Fizeste-me crescer ao longo da nossa relação tão intensa, a verdade é que também me fizeste sofrer como ninguém mais o fez. Roubaste o meu coração sem permissão e no acto da entrega do mesmo, deste-mo desfragmentado. Nunca antes ninguém me havia partido o coração, nunca antes ninguém havia tido a ousadia de brincar com os meus sentimentos nem tão pouco extinguir a felicidade que emanava de mim.
No entanto, contrariamente a isto, nunca ninguém me havia feito sorrir da maneira que sorri, nunca ninguém me tinha apoiado como tu me apoiaste, nem tão pouco me amado como tu me amaste a mim.
Na minha mente sei decor o teu beijo, sei a largura e o comprimento exacto do teu braço, que me prendia num abraço terno, doce e verdadeiro.
Guardo em mim, o teu olhar meigo e sensível, as tuas palavras e cartas, os passeios, os jantares e mais alguma coisa que pertenceu ao nosso pequeno mundo fechado ao público.
Quando digo que me fizeste crescer, digo-o como quem diz que parte do que sou hoje deve-se a ti. Foi contigo que aprendi a perdoar e aceitar os defeitos, tal como as qualidades das pessoas. Foi também contigo que aprendi a dar a melhor parte de mim, mesmo que por vezes eu não o demonstra-se da melhor maneira.
Eras o meu melhor amigo, o meu namorado, o meu doce engano, a minha ilusão mais real, o meu sonho tornado real.
Contigo vivi, o melhor do mundo, pois ao mesmo tempo que aprendia a ser feliz, sei que também te fiz muito feliz. Posso constatar este facto, por todas as conversas que continuamos a ter, já não temos medo de citar partes da nossa história, falamos como bons amigos que somos, partilhamos dores e felicidades distintas, mas no fundo, sabemos que nos compreendemos mutuamente.
Fico feliz por saber que posso contar contigo, e que ainda contas comigo e que, de uma maneira ou outra ainda partilhamos tanto. Acredita que para mim, foi difícil separar-me tão abruptamente de ti... eu sentia-me tão segura quando estavas perto.
Ainda hoje, quando oiço certas músicas recordo os momentos pelas quais estas ficaram marcadas, ou quando simplesmente te oiço cantar. Na verdade, eu nunca te esqueci (e não te quero esquecer). Seria impossível esquecer uma pessoa como tu, és inesquecível.
Apesar de todos os teus defeitos, e muitos deles que me ultrapassam e que não suporto, foram eles que me prenderam desta maneira a ti. Sinto que poderia ter feito muito mais, e que neste momento poderias estar melhor do que estás.
Sei que já nada tenho haver com isto, mas há sempre aquela necessidade de te ver feliz. É uma estranha sensação de prazer, quando sei que te sentes bem.
No fundo, sei que não posso dizer mais. Penso que o melhor de "nós" guardamos e não pretendemos partilhar com mais ninguém, apenas te quero dizer mais uma coisa: que te adoro.
Ora lá está uma palavra ternurenta passado tanto tempo. A nossa relação de amizade é baseada na partilha de sentimentos, de certa e requintada parvoíce e de memórias, (sei que há muito tempo esperavas uma palavra tão forte quanto esta, "adoro-te", vinda de mim).
Apesar da minha personalidade extrovertida, mas ao mesmo tempo sarcástica e arrogante, sei que no fundo conseguiste sobressaír a beleza da minha pessoa, seja de que maneira for, foste a minha alma gémea.
Quero que nunca esqueças de quem fomos e de como fomos, da coragem que tínhamos.
Com todo o amor e respeito,
a tua sempre amiga, Soraya.
Sem comentários:
Enviar um comentário