
Por muito que em prosa escrevas, nunca irás saber exactamente a forma de como quero este parágrafo...
Quero reticências, muitas e muitas, quero vírgulas e travessões; de interrogações, está toda a minha história feita. Dispenso qualquer tipo de hipérboles ou de anáforas, pois o exagero agonia-me e as repetições tornam-se monótonas e extinguem a magia.
Exijo pontuação rigorosa, palavras caras e certa entoação nesta ou naquela sílaba. Pois é naquela mesma sílaba que deves sobressair, aquele... exactamente aquele som.
Após, todo este extenso parágrafo, quero que o leias... e muito mais do que ler, quero que me contes o que nele está escrito... e muito mais do que me possas contar... quero que me faças viver, e daqui para a frente quero que desenhes cada letra comigo, para que o abecedário se transforme num código metafórico, que a simplicidade e ternura enfatizem o tema, que a coesão frásica seja da mais elaborada e bela de sempre.
Só existe um senão... no momento em que me deixas-te, a meio deste imenso parágrafo eu deixei de saber ler.
O vazio que em mim se isolou,
fez de mim,
uma palavra incompleta.
Levaste a melhor metade de mim.
E por onde andas tu?
Uma voz de fundo dita-me maquinalmente ao ouvido:
ao sabor do vento.
1 comentário:
lindíssimo...
beijinhos :)
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