
Embalada numa doce melodia, que enchia os meus ouvidos, suavemente instalei-me junto ao mar, mais uma vez, e fiquei petrificada a admirar tanta majestade. Invadida pela melancolia, recordei o abraço, recordei aquele imenso porto de abrigo, onde na mais violenta tempestade eu me encontrava abrigada. Na harmonia, de um porto seguro.
A desilusão, aludia os meus sentidos, pronunciou-se num baque surdo que interrompeu a musica que ouvia. A areia já não tinha a mesma textura que antes, o cheiro da maresia extinguio-se, o som das ondas a rebentarem em espuma junto à beira deixara-se de ouvir. Os meus sentidos foram baralhados, perderam-se por entre labirintos do mundo, fiquei cega de ver tanto, o céu que eu própria recriei, perdeu brilho. As estrelas perderam a sua luminosidade, a lua, num gesto próprio deixou de se desenhar neste céu.
Agora, somente existe um espaço onde me encontro. Num mundo à parte, onde grito com todas as forças existentes em mim, em que os vultos do mundo real somente são figurantes neste palco onde me encontro. Sozinha, represento, e lembro que um dia fui autora de uma história em que fui obrigada a escrever fim.
Encadernei este livro, com cabedal e fios de ouro, onde na minha prateleira irei guardar, para que mais um dia possa recordar, como é escrever uma história assim.
As horas passaram e eu não as vi, era noite. Levantei-me do areal e caminhei, iluminada pelas luzes dos candeeiros colossais da praia. Estava admiravelmente sozinha. Até a natureza me abandonou.
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